A elasticidade de preço é um conceito econômico fundamental que mede a sensibilidade da demanda ou oferta de um bem ou serviço em relação às variações de preço. Este conceito, embora aparentemente teórico, tem profundas implicações práticas para empresas, consumidores e formuladores de políticas econômicas. Compreender como os mercados respondem às mudanças de preço permite decisões mais estratégicas e eficientes em diversos setores da economia.
Quando falamos sobre elasticidade, estamos essencialmente analisando uma relação matemática que revela comportamentos econômicos importantes. A elasticidade não apenas nos ajuda a entender como os consumidores reagem a alterações de preço, mas também fornece insights valiosos sobre a estrutura de mercado, a concorrência e as estratégias de precificação que podem maximizar receitas e lucros.
O conceito de elasticidade

A elasticidade é um conceito fundamental na economia que mede a sensibilidade de uma variável em relação a outra. Em termos simples, a elasticidade quantifica como a quantidade demandada ou ofertada de um bem ou serviço muda em resposta a alterações em fatores como preço, renda ou preço de bens relacionados.
Definição matemática
A fórmula básica da elasticidade-preço da demanda é:
Elasticidade = (Variação percentual na quantidade demandada) / (Variação percentual no preço)
Matematicamente, isso pode ser expresso como:
E = (ΔQ/Q) / (ΔP/P)
Onde:
- E é a elasticidade
- ΔQ é a variação na quantidade
- Q é a quantidade inicial
- ΔP é a variação no preço
- P é o preço inicial
Para evitar resultados diferentes dependendo da direção da mudança de preço, economistas frequentemente usam o método do ponto médio para calcular a elasticidade:
E = [(Q₂ – Q₁) / ((Q₂ + Q₁)/2)] / [(P₂ – P₁) / ((P₂ + P₁)/2)]
Interpretação dos valores de elasticidade
A elasticidade-preço da demanda é geralmente expressa como um valor absoluto (ignorando o sinal negativo que normalmente resulta da relação inversa entre preço e quantidade demandada). Dependendo desse valor, a demanda pode ser classificada como:
- Demanda elástica (|E| > 1): A quantidade demandada varia mais que proporcionalmente à variação no preço. Um aumento de 1% no preço causa uma redução maior que 1% na quantidade demandada.
- Demanda inelástica (|E| < 1): A quantidade demandada varia menos que proporcionalmente à variação no preço. Um aumento de 1% no preço causa uma redução menor que 1% na quantidade demandada.
- Elasticidade unitária (|E| = 1): A quantidade demandada varia na mesma proporção que o preço. Um aumento de 1% no preço causa uma redução exata de 1% na quantidade demandada.
- Perfeitamente elástica (|E| = ∞): Qualquer aumento no preço, por menor que seja, reduz a quantidade demandada a zero.
- Perfeitamente inelástica (|E| = 0): A quantidade demandada não se altera, independentemente da variação no preço.
Fatores que influenciam a elasticidade de preço

A elasticidade de preço de um produto ou serviço não é uma característica fixa, mas é influenciada por diversos fatores. Compreender esses fatores é essencial para prever como os mercados reagirão a mudanças de preço.
Disponibilidade de substitutos
Um dos fatores mais importantes que afetam a elasticidade é a disponibilidade de bens substitutos. Quando existem muitos substitutos próximos para um produto, a demanda tende a ser mais elástica. Os consumidores podem facilmente mudar para alternativas se o preço aumentar.
Por exemplo, diferentes marcas de refrigerante são substitutos próximos entre si. Se o preço da Coca-Cola aumentar significativamente, muitos consumidores podem optar por comprar Pepsi ou outras marcas, tornando a demanda por Coca-Cola relativamente elástica.
Em contraste, produtos sem bons substitutos, como medicamentos específicos ou serviços essenciais, tendem a ter demanda inelástica. Se o preço de um medicamento vital aumentar, os pacientes que precisam dele continuarão a comprá-lo, resultando em uma demanda inelástica.
Necessidade versus luxo
A natureza do bem – se é uma necessidade básica ou um item de luxo – também afeta sua elasticidade. Bens essenciais como alimentos básicos, eletricidade e medicamentos tendem a ter demanda inelástica, pois os consumidores precisam deles independentemente do preço.
Em contraste, bens de luxo como joias caras, carros esportivos ou viagens internacionais tendem a ter demanda elástica. Quando o preço desses itens aumenta, muitos consumidores podem optar por adiar a compra ou eliminá-la completamente.
Proporção do orçamento
A proporção do orçamento do consumidor gasta em um bem também influencia sua elasticidade. Produtos que representam uma pequena fração do orçamento do consumidor, como sal de cozinha ou fósforos, tendem a ter demanda inelástica. Mesmo que o preço desses itens dobre, o impacto no orçamento total é mínimo.
Por outro lado, itens que consomem uma grande parte do orçamento, como moradia ou automóveis, tendem a ter demanda mais elástica. Um aumento significativo no preço desses bens pode ter um grande impacto no orçamento, levando os consumidores a buscar alternativas.
Horizonte temporal
O tempo disponível para os consumidores ajustarem seu comportamento também afeta a elasticidade. No curto prazo, a demanda tende a ser mais inelástica porque os consumidores têm menos opções para se adaptar.
Por exemplo, se o preço da gasolina aumentar repentinamente, no curto prazo, a maioria dos motoristas continuará abastecendo seus carros, resultando em uma demanda relativamente inelástica. No entanto, no longo prazo, os consumidores podem adotar várias estratégias para reduzir o consumo de gasolina, como comprar carros mais eficientes, usar transporte público ou mudar para veículos elétricos, tornando a demanda mais elástica.
Aplicações práticas da elasticidade de preço

Estratégias de precificação empresarial
A elasticidade de preço é uma ferramenta crucial para as empresas determinarem suas estratégias de precificação. Compreender como os consumidores respondem a mudanças de preço permite que as empresas tomem decisões mais informadas sobre quando e como ajustar seus preços.
Para produtos com demanda inelástica, as empresas podem aumentar os preços sem perder muitos clientes, potencialmente aumentando a receita total. Por exemplo, empresas farmacêuticas frequentemente cobram preços premium por medicamentos patenteados, sabendo que a demanda é relativamente inelástica.
Para produtos com demanda elástica, as empresas devem ser mais cautelosas ao aumentar os preços, pois isso pode levar a uma queda significativa nas vendas. Nestes casos, estratégias como descontos, programas de fidelidade ou diferenciação de produtos podem ser mais eficazes para aumentar a receita.
A elasticidade também influencia as decisões de marketing e desenvolvimento de produtos. Empresas podem investir em branding e diferenciação para tornar seus produtos menos substituíveis, reduzindo assim a elasticidade da demanda e permitindo margens de lucro mais altas.
Precificação dinâmica e personalizada
Com o avanço da tecnologia e análise de dados, muitas empresas estão adotando estratégias de precificação dinâmica baseadas em elasticidade. Empresas como Amazon, Uber e companhias aéreas ajustam seus preços em tempo real com base na demanda, oferta e outros fatores de mercado.
A precificação dinâmica permite que as empresas cobrem preços mais altos quando a demanda é inelástica (como em horários de pico ou para consumidores menos sensíveis a preço) e preços mais baixos quando a demanda é elástica (como em períodos de baixa demanda ou para consumidores mais sensíveis a preço).
Além disso, a precificação personalizada permite que as empresas ofereçam diferentes preços para diferentes segmentos de consumidores com base em sua elasticidade de preço individual. Por exemplo, empresas de software frequentemente oferecem descontos para estudantes, reconhecendo que este grupo tem uma demanda mais elástica devido a restrições orçamentárias.
Política tributária e regulação
Governos utilizam o conceito de elasticidade para projetar políticas tributárias eficazes. Ao tributar bens com demanda inelástica, como cigarros, álcool ou combustíveis, os governos podem gerar receita substancial sem reduzir significativamente o consumo.
Por outro lado, se o objetivo é reduzir o consumo de certos produtos (como cigarros, por razões de saúde pública), a inelasticidade da demanda significa que impostos muito altos seriam necessários para ter um impacto significativo no consumo.
A elasticidade também informa políticas regulatórias, como controle de preços e subsídios. Entender como os mercados respondem a intervenções de preço ajuda os formuladores de políticas a prever os efeitos de suas decisões e evitar consequências não intencionais.
Análise de mercado e investimentos
Investidores e analistas de mercado utilizam a elasticidade para avaliar o potencial de crescimento e a resiliência de diferentes setores e empresas. Empresas que vendem produtos com demanda inelástica (como serviços públicos, cuidados de saúde ou bens de consumo básicos) geralmente oferecem fluxos de receita mais estáveis e previsíveis, tornando-as investimentos potencialmente menos arriscados.
Em contraste, empresas que vendem produtos com demanda elástica podem enfrentar maior volatilidade nas receitas, especialmente durante recessões econômicas quando os consumidores cortam gastos discricionários. No entanto, essas empresas também podem ter maior potencial de crescimento durante períodos de expansão econômica.
A elasticidade cruzada da demanda (que mede como a demanda por um produto responde a mudanças no preço de outro produto) também é valiosa para investidores entenderem as relações competitivas entre empresas e setores.
Estudos de caso sobre elasticidade de preço

Indústria de combustíveis
A demanda por combustíveis, como gasolina e diesel, é frequentemente citada como exemplo de demanda relativamente inelástica no curto prazo. Estudos empíricos estimam que a elasticidade-preço da demanda por gasolina no curto prazo varia entre -0,2 e -0,3, indicando que um aumento de 10% no preço leva a uma redução de apenas 2-3% na quantidade demandada.
Esta inelasticidade ocorre porque muitos consumidores dependem de seus veículos para transporte diário e têm poucas alternativas imediatas. No entanto, no longo prazo, a elasticidade aumenta significativamente (para cerca de -0,7 a -0,8) à medida que os consumidores podem ajustar seus hábitos de transporte, comprar veículos mais eficientes ou mudar para alternativas como transporte público ou veículos elétricos.
Esta diferença entre elasticidade de curto e longo prazo tem implicações importantes para políticas energéticas e ambientais. Impostos sobre combustíveis podem gerar receita substancial no curto prazo sem reduzir significativamente o consumo, mas podem ser mais eficazes para reduzir emissões de carbono no longo prazo.
Produtos de luxo vs. bens essenciais
Estudos de mercado consistentemente mostram que produtos de luxo, como joias finas, carros esportivos e relógios de luxo, têm elasticidade-preço positiva – um fenômeno conhecido como “efeito Veblen”. Isso significa que aumentar o preço desses itens pode, paradoxalmente, aumentar a demanda, pois o preço alto se torna parte do apelo do produto como símbolo de status.
Por exemplo, quando a marca de moda de luxo Chanel aumentou os preços de suas bolsas icônicas em até 17% durante a pandemia de COVID-19, a demanda não diminuiu, mas na verdade aumentou em alguns mercados.
Em contraste, bens essenciais como arroz, feijão e outros alimentos básicos tipicamente mostram elasticidade-preço muito baixa. Estudos em países em desenvolvimento mostram que a elasticidade-preço para alimentos básicos frequentemente está abaixo de -0,2, indicando que mesmo aumentos significativos de preço têm impacto limitado na quantidade consumida.
Serviços digitais e assinaturas
O mercado de serviços digitais e assinaturas oferece insights interessantes sobre elasticidade de preço. Serviços de streaming como Netflix, Spotify e plataformas de software como a Adobe Creative Cloud operam em mercados altamente competitivos onde os consumidores têm múltiplas opções.
Pesquisas mostram que a elasticidade-preço para serviços de streaming de vídeo está tipicamente entre -1,2 e -1,7, indicando demanda elástica. Isso explica por que essas empresas são cautelosas com aumentos de preço e frequentemente oferecem diferentes níveis de assinatura para acomodar consumidores com diferentes sensibilidades a preço.
Interessantemente, a elasticidade tende a diminuir com o tempo à medida que os consumidores desenvolvem lealdade à plataforma e enfrentam custos de mudança (como perder playlists personalizadas ou recomendações). Empresas como Netflix exploram estrategicamente esta dinâmica, introduzindo preços iniciais baixos e aumentando-os gradualmente à medida que os usuários se tornam mais dependentes do serviço.
Métodos de pesquisa e estimativa de elasticidade

Abordagens econométricas
Economistas e pesquisadores de mercado utilizam várias técnicas econométricas para estimar a elasticidade-preço da demanda. Estas incluem:
- Análise de regressão: Esta é a abordagem mais comum, onde dados históricos de preços e quantidades são analisados para estimar a relação entre eles, controlando outros fatores que podem afetar a demanda.
- Modelos de séries temporais: Estes modelos são particularmente úteis para capturar como a elasticidade muda ao longo do tempo e para distinguir entre efeitos de curto e longo prazo.
- Análise de painel: Esta técnica combina dados de séries temporais com dados de corte transversal (por exemplo, dados de diferentes mercados ou segmentos de consumidores), permitindo estimativas mais robustas.
- Experimentos naturais: Mudanças exógenas em preços (como devido a novos impostos ou regulamentos) podem ser usadas como “experimentos naturais” para estimar a elasticidade.
Experimentos de campo e laboratório
Além de análises de dados históricos, pesquisadores também conduzem experimentos para estimar a elasticidade:
- Testes A/B de preços: Empresas frequentemente testam diferentes preços em diferentes segmentos de mercado ou períodos de tempo para observar diretamente como a demanda responde.
- Experimentos de laboratório: Em ambientes controlados, pesquisadores podem manipular preços e observar as decisões de compra dos participantes.
- Pesquisas de preferência declarada: Consumidores são questionados diretamente sobre como reagiriam a diferentes cenários de preço, embora estas respostas possam diferir do comportamento real.
Desafios na estimativa de elasticidade
Estimar a elasticidade-preço apresenta vários desafios:
- Fatores confundidores: Mudanças na demanda podem ser causadas por muitos fatores além do preço, como renda, preferências, preços de bens relacionados e fatores sazonais.
- Endogeneidade: Preços não são determinados aleatoriamente, mas frequentemente em resposta a mudanças na demanda, criando um problema de causalidade reversa.
- Heterogeneidade: A elasticidade pode variar significativamente entre diferentes segmentos de consumidores, mercados geográficos e períodos de tempo.
- Não-linearidades: A relação entre preço e quantidade demandada pode não ser linear, com a elasticidade variando em diferentes níveis de preço.
Pesquisadores usam várias técnicas para abordar esses desafios, incluindo variáveis instrumentais, experimentos naturais e modelos estruturais que incorporam explicitamente o comportamento de maximização de lucro das empresas.
Elasticidade e estratégia competitiva

Vantagem competitiva através da inelasticidade
Empresas buscam criar produtos com demanda inelástica, pois isso lhes dá maior poder de precificação e potencial para margens de lucro mais altas. Várias estratégias podem ajudar a reduzir a elasticidade da demanda:
- Diferenciação de produto: Ao criar produtos únicos que se destacam da concorrência, as empresas podem reduzir a substituibilidade e, portanto, a elasticidade. A Apple é um exemplo clássico, com seu ecossistema de produtos e forte identidade de marca.
- Construção de marca: Investimentos em marketing e branding podem criar lealdade à marca e reduzir a sensibilidade a preço. Empresas como Nike e Coca-Cola conseguem cobrar prêmios de preço significativos devido à força de suas marcas.
- Custos de mudança: Criar custos de mudança (switching costs) para os clientes pode reduzir a elasticidade. Software empresarial frequentemente tem alta inelasticidade porque mudar para um novo sistema seria caro e disruptivo.
- Programas de fidelidade: Programas que recompensam compras repetidas podem reduzir a elasticidade ao aumentar o custo de oportunidade de mudar para concorrentes.
Elasticidade em diferentes estruturas de mercado
A elasticidade varia significativamente entre diferentes estruturas de mercado:
- Concorrência perfeita: Em mercados perfeitamente competitivos com produtos homogêneos, empresas individuais enfrentam demanda perfeitamente elástica ao preço de mercado. Se tentarem cobrar acima desse preço, perderão todos os clientes.
- Monopólio: Monopólios enfrentam a curva de demanda do mercado inteiro, que tipicamente tem elasticidade finita. Isso permite que cobrem preços acima do custo marginal, gerando lucros econômicos.
- Concorrência monopolística: Empresas nestes mercados vendem produtos diferenciados, dando-lhes algum poder de monopólio e enfrentando demanda menos elástica que em concorrência perfeita, mas mais elástica que em monopólio.
- Oligopólio: Em mercados com poucos vendedores, a elasticidade é complicada pela interdependência estratégica. Empresas devem considerar como os rivais responderão a suas mudanças de preço.
Guerras de preço e cooperação tácita
A elasticidade tem implicações importantes para a dinâmica competitiva entre empresas:
- Guerras de preço: Em mercados com alta elasticidade, cortes de preço podem atrair muitos clientes dos concorrentes, tornando guerras de preço tentadoras. No entanto, se todos os concorrentes reduzirem seus preços, o resultado pode ser lucros menores para todos.
- Cooperação tácita: Em oligopólios, empresas podem reconhecer sua interdependência e evitar competição agressiva de preços. A elasticidade influencia a estabilidade dessa cooperação tácita – se a elasticidade for muito alta, o incentivo para “trapacear” reduzindo preços pode ser irresistível.
- Sinalização de preço: Empresas em mercados concentrados frequentemente usam anúncios de preços como sinais para concorrentes, indicando disposição para cooperar ou competir.
A elasticidade também afeta a probabilidade de entrada de novos concorrentes. Mercados com baixa elasticidade e altas margens de lucro são mais atraentes para entrantes potenciais, a menos que existam barreiras significativas à entrada.
Elasticidade além do preço

Embora a elasticidade-preço seja o tipo mais conhecido, existem outros tipos importantes de elasticidade que oferecem insights valiosos sobre o comportamento econômico.
Elasticidade-renda da demanda
A elasticidade-renda mede como a demanda por um bem responde a mudanças na renda do consumidor. É calculada como a variação percentual na quantidade demandada dividida pela variação percentual na renda.
Com base na elasticidade-renda, os bens podem ser classificados como:
- Bens normais (elasticidade-renda positiva): A demanda aumenta quando a renda aumenta.
- Bens de necessidade (0 < elasticidade < 1): A demanda aumenta menos que proporcionalmente ao aumento da renda (ex: alimentos básicos).
- Bens de luxo (elasticidade > 1): A demanda aumenta mais que proporcionalmente ao aumento da renda (ex: viagens internacionais, joias).
- Bens inferiores (elasticidade-renda negativa): A demanda diminui quando a renda aumenta (ex: transporte público em alguns contextos, marcas de alimentos mais baratas).
A elasticidade-renda é crucial para prever como a demanda mudará com o crescimento econômico ou durante recessões. Também ajuda empresas a segmentar mercados e direcionar produtos para diferentes grupos de renda.
Elasticidade cruzada da demanda
A elasticidade cruzada mede como a demanda por um bem responde a mudanças no preço de outro bem. É calculada como a variação percentual na quantidade demandada do bem A dividida pela variação percentual no preço do bem B.
Com base na elasticidade cruzada, os bens podem ser classificados como:
- Bens substitutos (elasticidade cruzada positiva): Um aumento no preço do bem B leva a um aumento na demanda pelo bem A (ex: Coca-Cola e Pepsi).
- Bens complementares (elasticidade cruzada negativa): Um aumento no preço do bem B leva a uma diminuição na demanda pelo bem A (ex: impressoras e cartuchos de tinta).
- Bens independentes (elasticidade cruzada próxima de zero): Mudanças no preço do bem B têm pouco efeito na demanda pelo bem A.
A elasticidade cruzada é valiosa para entender relações competitivas e complementares entre produtos, informando decisões de precificação, marketing e desenvolvimento de produto.
Elasticidade-preço da oferta
A elasticidade-preço da oferta mede como a quantidade ofertada responde a mudanças no preço. É calculada como a variação percentual na quantidade ofertada dividida pela variação percentual no preço.
A elasticidade da oferta é influenciada por fatores como:
- Horizonte temporal: No curto prazo, a oferta tende a ser menos elástica porque os produtores têm capacidade fixa. No longo prazo, a oferta se torna mais elástica à medida que os produtores podem ajustar todos os fatores de produção.
- Capacidade excedente: Indústrias com capacidade excedente podem aumentar a produção rapidamente em resposta a aumentos de preço, resultando em oferta mais elástica.
- Complexidade de produção: Produtos que requerem habilidades especializadas, equipamentos ou recursos escassos tendem a ter oferta menos elástica.
- Perecibilidade: Produtos perecíveis (como frutas frescas) tendem a ter oferta menos elástica no curto prazo, pois devem ser vendidos rapidamente.
Entender a elasticidade da oferta é crucial para prever como os mercados responderão a choques de demanda ou intervenções políticas.
Conclusão
A elasticidade de preço é um conceito econômico poderoso com aplicações práticas significativas. Ao quantificar como consumidores e produtores respondem a mudanças de preço, a elasticidade fornece insights valiosos que podem informar decisões empresariais, políticas governamentais e estratégias de investimento.
Para empresas, entender a elasticidade de seus produtos permite estratégias de precificação mais eficazes, melhor segmentação de mercado e desenvolvimento de produtos mais direcionado. Para formuladores de políticas, a elasticidade informa o design de impostos, subsídios e regulamentos que podem alcançar objetivos sociais e econômicos com mínima distorção de mercado. Para investidores, a elasticidade oferece uma lente para avaliar a resiliência e o potencial de crescimento de diferentes setores e empresas.
À medida que os mercados continuam a evoluir com novas tecnologias, mudanças nas preferências dos consumidores e transformações econômicas globais, o conceito de elasticidade permanece tão relevante quanto sempre. Avanços em análise de dados e inteligência artificial estão permitindo estimativas de elasticidade mais precisas e granulares, capacitando tomadores de decisão com insights mais ricos sobre o comportamento do mercado.
Em última análise, a elasticidade nos lembra que mercados são dinâmicos e responsivos. Compreender essas dinâmicas não é apenas academicamente interessante, mas essencial para navegar com sucesso no complexo mundo da economia moderna.
Biografia do Autor
O autor é especialista em economia aplicada e estratégias de precificação, com experiência em consultoria para pequenas e médias empresas. Com formação em Economia e MBA em Marketing, combina conhecimentos teóricos com aplicações práticas de mercado. Atua como consultor independente ajudando empreendedores a desenvolver estratégias de precificação eficientes baseadas em análises de elasticidade e comportamento do consumidor.
Perguntas Frequentes (FAQ)
O que é elasticidade unitária e qual sua importância para empresas?
Elasticidade unitária ocorre quando a variação percentual na quantidade demandada é exatamente igual à variação percentual no preço (|E| = 1). Nesta situação, a receita total permanece constante independentemente de mudanças no preço. Para empresas, identificar este ponto é crucial para estratégias de maximização de receita, pois indica o limiar entre quando aumentos de preço aumentam a receita total (demanda inelástica) e quando diminuem a receita total (demanda elástica).
Como empresas podem usar a elasticidade cruzada para vantagem competitiva?
Empresas podem usar a elasticidade cruzada para identificar seus verdadeiros concorrentes e complementadores. Produtos com alta elasticidade cruzada positiva são substitutos próximos, indicando concorrência direta. Conhecendo estes valores, empresas podem antecipar o impacto de mudanças de preço dos concorrentes em seus próprios produtos, desenvolver estratégias de bundling com produtos complementares (elasticidade cruzada negativa), e identificar oportunidades para diferenciação de produto para reduzir a substituibilidade.
Por que a elasticidade de preço varia ao longo do tempo e como as empresas devem se adaptar?
A elasticidade varia ao longo do tempo devido a mudanças nas preferências dos consumidores, introdução de novos produtos substitutos, alterações na renda disponível e mudanças nas expectativas de mercado. As empresas devem adaptar-se realizando estudos de elasticidade regularmente, implementando sistemas de precificação dinâmica que respondam a mudanças nas condições de mercado, e desenvolvendo estratégias de longo prazo para reduzir a elasticidade de seus produtos através de diferenciação, fidelização de clientes e inovação contínua.
Como a digitalização e o comércio eletrônico afetaram a elasticidade de preço dos produtos?
A digitalização e o comércio eletrônico geralmente aumentaram a elasticidade-preço da demanda por muitos produtos ao reduzir os custos de busca e facilitar comparações de preço. Consumidores podem facilmente comparar preços entre diferentes varejistas com alguns cliques, aumentando a competição baseada em preço. Ao mesmo tempo, tecnologias digitais permitem que empresas implementem estratégias de precificação mais sofisticadas, como personalização de preços baseada no histórico de compras, localização geográfica e comportamento de navegação, potencialmente reduzindo a elasticidade efetiva enfrentada por consumidores individuais.
Qual a relação entre elasticidade de preço e margem de lucro?
Existe uma relação inversa entre elasticidade de preço e margem de lucro potencial. Produtos com baixa elasticidade (demanda inelástica) permitem que empresas cobrem preços mais altos sem perder muitos clientes, resultando em margens de lucro potencialmente maiores. Esta é a razão pela qual empresas investem em diferenciação de produto, construção de marca e programas de fidelidade – para reduzir a elasticidade da demanda por seus produtos. Em contraste, produtos com alta elasticidade (demanda elástica) geralmente têm margens mais baixas devido à intensa competição de preço, levando empresas a focar em eficiência operacional e volume de vendas para compensar.
Bibliografia
- Estatística Fácil. “O que é elasticidade? Entenda o conceito”. Disponível em: https://estatisticafacil.org/glossario/o-que-e-elasticidade-entenda-o-conceito/
- Khan Academy. “Elasticidade-preço da demanda e elasticidade-preço da oferta”. Disponível em: https://pt.khanacademy.org/economics-finance-domain/microeconomics/elasticity-tutorial/price-elasticity-tutorial/a/price-elasticity-of-demand-and-price-elasticity-of-supply-cnx
- Suno Research. “Elasticidade: o que é e como calcular esse conceito econômico”. Disponível em: https://www.suno.com.br/artigos/elasticidade/
- Baripedia. “Elasticidades e suas aplicações”. Disponível em: https://baripedia.org/wiki/Elasticidades_e_suas_aplica%C3%A7%C3%B5es
- Aquarela Analytics. “Elasticidade de preços: o que é e como aplicar em sua empresa”. Disponível em: https://aquare.la/elasticidade-de-precos/