No cenário empresarial brasileiro, marcado por uma das cargas tributárias mais elevadas do mundo, os benefícios fiscais regionais e setoriais representam uma oportunidade valiosa para pequenas e médias empresas (PMEs) reduzirem seus custos operacionais e aumentarem sua competitividade. Esses incentivos, oferecidos pelos governos federal, estadual e municipal, são ferramentas estratégicas para estimular o desenvolvimento econômico em regiões específicas e fortalecer setores considerados prioritários para o país.
Compreender e acessar esses benefícios pode significar a diferença entre o crescimento sustentável e a estagnação para muitas PMEs. Segundo dados da Receita Federal, empresas que utilizam adequadamente os incentivos fiscais disponíveis conseguem reduzir sua carga tributária em até 30%, liberando recursos para investimentos em inovação, expansão e melhoria de processos.
Este artigo apresenta um panorama completo dos benefícios fiscais regionais e setoriais disponíveis para PMEs no Brasil, detalhando como funcionam, quais são os principais programas, como acessá-los e quais os impactos das recentes mudanças legislativas, incluindo a Reforma Tributária. Nosso objetivo é fornecer um guia prático para que empreendedores e gestores possam navegar com segurança nesse universo de oportunidades fiscais.
Entendendo os Benefícios Fiscais: Conceitos Fundamentais

O que são Benefícios Fiscais?
Benefícios fiscais são mecanismos oferecidos pelo governo, em suas diferentes esferas, como parte de sua política de desenvolvimento econômico. Eles visam reduzir a carga tributária sobre empresas para estimular investimentos em determinadas áreas, promover o crescimento econômico e gerar empregos.
Esses incentivos podem assumir diversas formas, como:
- Redução de alíquotas: Diminuição das taxas de impostos aplicáveis a determinadas operações ou atividades.
- Isenções fiscais: Dispensa total do pagamento de certos tributos.
- Créditos tributários: Valores que podem ser abatidos dos impostos devidos.
- Depreciação acelerada: Possibilidade de deduzir mais rapidamente o valor de bens do ativo imobilizado.
- Diferimento: Postergação do pagamento de tributos para um momento futuro.
Benefícios Regionais vs. Setoriais: Qual a Diferença?
Os benefícios fiscais podem ser classificados em duas categorias principais:
Benefícios Regionais: São incentivos concedidos a empresas que se instalam ou operam em regiões específicas do país, geralmente áreas menos desenvolvidas economicamente. O objetivo é promover o desenvolvimento regional, reduzir desigualdades e estimular a descentralização industrial. Exemplos incluem os incentivos da Zona Franca de Manaus e os programas da SUDENE (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste) e SUDAM (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia) direcionados pela Política Nacional de Desenvolvimento Regional.
Benefícios Setoriais: São voltados para setores específicos da economia, independentemente da localização geográfica. Visam fortalecer áreas consideradas estratégicas ou que necessitam de apoio para se desenvolverem. Exemplos incluem incentivos para pesquisa e desenvolvimento (Lei do Bem), para o setor de tecnologia da informação, energias renováveis e, mais recentemente, para o setor de eventos (Programa Perse).
É importante ressaltar que muitos programas combinam aspectos regionais e setoriais, criando oportunidades ainda mais específicas para as PMEs que se enquadram em ambos os critérios.
Principais Benefícios Fiscais Regionais para PMEs

Zona Franca de Manaus (ZFM)
A Zona Franca de Manaus é um dos mais tradicionais e abrangentes programas de incentivos fiscais regionais do Brasil. Criada para promover o desenvolvimento econômico da região amazônica, a ZFM oferece um conjunto de benefícios fiscais para empresas que se instalam na região.
Para PMEs, os principais incentivos incluem:
- Isenção total de IRPJ por 15 anos para indústrias de alta tecnologia e redução de 75% nas contribuições patronais ao INSS, desde que 40% da mão de obra seja local.
- Créditos presumidos de IPI na compra de insumos para fabricação de dispositivos IoT e hardware.
Para acessar esses benefícios, as PMEs precisam apresentar um projeto de viabilidade econômica à Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA) e cumprir requisitos específicos, como a utilização de um percentual mínimo de insumos regionais e a geração de empregos locais.
SUDENE e SUDAM: Desenvolvimento Regional no Nordeste e na Amazônia
As Superintendências de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) e da Amazônia (SUDAM) administram programas de incentivos fiscais voltados para o desenvolvimento dessas regiões. As PMEs que investem em projetos de implantação, modernização, ampliação ou diversificação nessas áreas podem se beneficiar de:
- Redução de 75% do IRPJ para novos empreendimentos industriais e de serviços tecnológicos, válida por 10 anos a partir do início das operações.
- Reinvestimento de 30% do IRPJ em modernização de infraestrutura, com aprovação vinculada a bancos operadores como o BNDES.
- Depreciação acelerada de ativos, permitindo que equipamentos novos tenham vida útil contábil reduzida em até 50% para efeitos tributários.
Para se qualificar, as PMEs precisam estar localizadas nas áreas de atuação da SUDENE ou SUDAM, operar em setores prioritários definidos por essas superintendências e apresentar projetos que demonstrem viabilidade técnica, econômica e financeira.
Incentivos Estaduais e Municipais
Além dos programas federais, diversos estados e municípios oferecem seus próprios incentivos fiscais para atrair investimentos. Esses benefícios geralmente estão relacionados a impostos de competência estadual (ICMS) e municipal (ISS).
Alguns exemplos incluem:
- Redução de alíquotas de ICMS em setores estratégicos, como o agronegócio, a indústria, a tecnologia e a inovação.
- Diferimento do ICMS para operações específicas, permitindo que o imposto seja pago apenas em etapas posteriores da cadeia produtiva.
- Isenção ou redução do ISS para empresas que prestam serviços considerados estratégicos para o desenvolvimento local.
É importante ressaltar que, com a Reforma Tributária em andamento, muitos desses incentivos estaduais e municipais passarão por transformações significativas nos próximos anos. Portanto, é fundamental que as PMEs interessadas consultem as secretarias de fazenda estaduais e municipais para obter informações atualizadas sobre os programas disponíveis em suas regiões.
Benefícios Fiscais Setoriais: Oportunidades por Área de Atuação

Lei do Bem: Incentivos à Inovação e Pesquisa
A Lei do Bem (Lei nº 11.196/2005) é um dos principais instrumentos de incentivo à inovação tecnológica no Brasil. Ela permite que empresas deduzam do Imposto de Renda os valores investidos em pesquisa e desenvolvimento (P&D).
Para PMEs que investem em inovação, os principais benefícios incluem:
- Dedução de até 42% dos gastos com P&D do lucro tributável para fins de cálculo do IRPJ e créditos equivalentes a 12% do valor investido em inovação.
- Depreciação acelerada de equipamentos utilizados em atividades de P&D.
- Redução a zero da alíquota do Imposto de Renda retido na fonte sobre remessas ao exterior para registro e manutenção de marcas e patentes.
Para usufruir desses benefícios, as PMEs precisam estar no regime de tributação pelo Lucro Real e manter controles específicos dos gastos com P&D, além de apresentar relatórios técnicos que comprovem a natureza inovadora dos projetos desenvolvidos.
Programa de Retomada do Setor de Eventos (Perse)
Criado inicialmente como resposta aos impactos da pandemia de COVID-19 no setor de eventos, o Perse foi prorrogado e oferece importantes benefícios fiscais para empresas desse segmento, incluindo PMEs.
Os principais incentivos incluem:
- Alíquota zero de PIS/COFINS até fevereiro de 2027 para empresas com faturamento vinculado a congressos, feiras e festivais.
- Redução de 50% do IRPJ para investimentos em modernização de infraestrutura de locais de evento.
- Isenção de ISS para serviços de organização de eventos culturais em municípios com menos de 100 mil habitantes.
Para se qualificar, as PMEs precisam comprovar que atuam no setor de eventos e, em alguns casos, demonstrar prejuízos acumulados durante o período da pandemia.
Incentivos para Tecnologia e Inovação
Além da Lei do Bem, existem outros programas específicos para o setor de tecnologia, como:
- Lei de Informática: Redução do IPI para empresas que investem em P&D no setor de tecnologia da informação.
- Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores (PADIS): Incentivos fiscais para empresas que investem em semicondutores e displays.
- Inova Simples: Regime simplificado para startups de base tecnológica, com alíquota reduzida no Simples Nacional.
Esses programas visam fortalecer o ecossistema de inovação brasileiro e podem ser especialmente vantajosos para PMEs que atuam ou pretendem atuar em setores de alta tecnologia.
Como Acessar os Benefícios Fiscais: Guia Prático para PMEs

Avaliação de Elegibilidade e Planejamento
O primeiro passo para acessar benefícios fiscais é verificar se sua empresa atende aos requisitos de elegibilidade. Isso envolve:
- Análise do regime tributário: Alguns incentivos, como a Lei do Bem, exigem que a empresa esteja no Lucro Real, enquanto outros são compatíveis com o Simples Nacional.
- Verificação da localização: Para benefícios regionais, é crucial confirmar se a empresa está situada em uma área elegível (ex: regiões da SUDENE, SUDAM ou Zona Franca de Manaus).
- Avaliação do setor de atuação: Identificar se a empresa opera em um setor prioritário para incentivos setoriais.
- Planejamento financeiro: Avaliar se a empresa tem capacidade para realizar os investimentos necessários para se qualificar aos benefícios.
Documentação Necessária
A documentação exigida para acessar benefícios fiscais varia conforme o programa, mas geralmente inclui:
- Documentos societários: Contrato social atualizado, CNPJ da matriz e filiais, e alvarás de funcionamento.
- Documentos financeiros: Balanços patrimoniais, demonstrações de resultados e comprovantes de regularidade fiscal.
- Documentos técnicos: Projetos detalhados, cronogramas de implementação e estudos de viabilidade econômica.
- Licenças específicas: Dependendo do setor, podem ser necessárias licenças ambientais, sanitárias ou outras autorizações regulatórias.
É fundamental organizar essa documentação de forma meticulosa, pois falhas nessa etapa são uma das principais causas de indeferimento de pedidos de incentivos fiscais.
Processo de Solicitação e Aprovação
O processo de solicitação geralmente segue estas etapas:
- Elaboração do projeto: Desenvolvimento de um projeto detalhado que atenda aos requisitos específicos do programa de incentivos.
- Submissão da documentação: Envio do projeto e da documentação completa ao órgão responsável (ex: SUDENE, SUDAM, Receita Federal).
- Análise e aprovação: O órgão responsável analisa o projeto e a documentação, podendo solicitar informações complementares.
- Concessão do benefício: Após aprovação, é emitido um documento formal concedendo o benefício fiscal.
- Monitoramento e prestação de contas: A empresa beneficiada deve cumprir obrigações periódicas de prestação de contas e comprovação do atendimento às condições estabelecidas.
É importante destacar que esse processo pode ser complexo e demorado, exigindo acompanhamento constante e, muitas vezes, o apoio de consultores especializados.
Impacto da Reforma Tributária nos Benefícios Fiscais

O Novo Sistema Tributário e a Transição
A Reforma Tributária em andamento no Brasil (EC 132/2023) trará mudanças significativas para o sistema de benefícios fiscais. O novo modelo, baseado no Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e na Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), substituirá gradualmente cinco tributos atuais (PIS, COFINS, IPI, ICMS e ISS).
Durante o período de transição (2026-2033), os benefícios fiscais regionais e setoriais serão gradualmente reduzidos, seguindo um cronograma estabelecido na legislação. Isso significa que as PMEs que atualmente usufruem desses incentivos precisarão se adaptar ao novo cenário.
Fundos de Compensação e Desenvolvimento Regional
Para mitigar o impacto da extinção dos benefícios fiscais regionais, a Reforma Tributária prevê a criação de dois fundos importantes:
- Fundo de Compensação de Benefícios Fiscais: Destinado a compensar estados e empresas pela perda de incentivos durante o período de transição.
- Fundo Nacional de Desenvolvimento Regional (FNDR): Voltado para financiar projetos de desenvolvimento em regiões menos favorecidas, substituindo o modelo atual de incentivos fiscais por investimentos diretos.
Esses fundos representam uma mudança de paradigma na política de desenvolvimento regional, passando de um modelo baseado em renúncias fiscais para um sistema de investimentos direcionados.
Estratégias para PMEs no Novo Cenário
Diante das mudanças previstas, as PMEs podem adotar algumas estratégias:
- Aproveitar os benefícios atuais: Utilizar ao máximo os incentivos disponíveis durante o período de transição, especialmente aqueles com maior impacto financeiro.
- Planejar a transição: Desenvolver um plano de adaptação gradual ao novo sistema tributário, considerando o cronograma de redução dos benefícios.
- Explorar novas oportunidades: Identificar possibilidades de acesso aos recursos dos novos fundos de desenvolvimento regional.
- Investir em eficiência: Buscar melhorias operacionais que compensem a eventual perda de benefícios fiscais.
A antecipação e o planejamento serão fundamentais para que as PMEs naveguem com sucesso por esse período de transformação no sistema tributário brasileiro.
Desafios e Riscos na Utilização de Benefícios Fiscais

Complexidade Regulatória e Burocracia
Um dos principais desafios para PMEs na utilização de benefícios fiscais é a complexidade do sistema tributário brasileiro. A multiplicidade de leis, decretos e instruções normativas torna difícil compreender plenamente todos os requisitos e procedimentos.
Além disso, a burocracia envolvida na solicitação e manutenção dos benefícios pode ser desafiadora para empresas com recursos limitados. Muitas PMEs acabam desistindo de acessar incentivos fiscais devido à percepção de que o esforço necessário não compensa os benefícios obtidos.
Para superar esse desafio, é recomendável:
- Buscar assessoria especializada em tributação e incentivos fiscais
- Investir em capacitação da equipe interna
- Utilizar ferramentas de gestão tributária que facilitem o cumprimento das obrigações
Riscos de Não Conformidade
A utilização inadequada de benefícios fiscais pode resultar em sérias consequências para as PMEs, incluindo:
- Autuações fiscais: Multas e juros por utilização indevida de incentivos
- Perda do benefício: Cancelamento do incentivo fiscal e obrigação de restituir valores
- Danos reputacionais: Impacto negativo na imagem da empresa perante clientes e parceiros
Para mitigar esses riscos, é essencial:
- Manter rigoroso controle documental
- Realizar auditorias internas periódicas
- Acompanhar constantemente as mudanças na legislação
Custo-Benefício e Retorno sobre Investimento
Nem sempre os benefícios fiscais representam a melhor opção para todas as PMEs. É fundamental realizar uma análise detalhada de custo-benefício, considerando:
- O investimento necessário para se qualificar ao benefício
- Os custos de conformidade e manutenção do incentivo
- O impacto efetivo na redução da carga tributária
- O prazo de retorno do investimento
Em alguns casos, estratégias alternativas de planejamento tributário completo podem ser mais vantajosas e menos arriscadas do que a busca por incentivos fiscais específicos.
Casos de Sucesso: PMEs que Aproveitaram Benefícios Fiscais

Indústria de Tecnologia no Nordeste
Uma pequena empresa de desenvolvimento de software localizada em Recife conseguiu reduzir sua carga tributária em 40% ao combinar benefícios da SUDENE com incentivos da Lei do Bem. A empresa investiu em um projeto de P&D para desenvolvimento de soluções de inteligência artificial aplicadas ao agronegócio, qualificando-se para ambos os programas.
Com a economia gerada, a empresa ampliou seu quadro de funcionários em 30% e aumentou seus investimentos em inovação, criando um ciclo virtuoso de crescimento. Hoje, ela exporta suas soluções para países da América Latina e está em processo de expansão para o mercado europeu.
Manufatura Sustentável na Amazônia
Uma média empresa do setor de cosméticos naturais instalada em Manaus aproveitou os incentivos da Zona Franca para modernizar sua linha de produção com equipamentos de baixo impacto ambiental. A isenção de IPI e a redução do ICMS permitiram que a empresa investisse em certificações internacionais de sustentabilidade, abrindo portas para o mercado externo.
Além disso, a empresa implementou um programa de capacitação de comunidades locais para o fornecimento sustentável de insumos da biodiversidade amazônica, gerando impacto social positivo e fortalecendo sua cadeia de suprimentos.
Turismo e Eventos no Sul
Uma pequena operadora de turismo de aventura em Santa Catarina aproveitou incentivos municipais de redução do ISS e, posteriormente, benefícios do Programa Perse para investir na diversificação de suas atividades. A empresa passou a organizar eventos corporativos com foco em sustentabilidade e team building, ampliando significativamente seu mercado.
Com a alíquota zero de PIS/COFINS proporcionada pelo Perse, a empresa conseguiu praticar preços mais competitivos e investir em marketing digital, aumentando sua visibilidade e atraindo clientes internacionais.
Conclusão: Maximizando Oportunidades Fiscais para o Crescimento Sustentável

Os benefícios fiscais regionais e setoriais representam uma oportunidade valiosa para PMEs brasileiras reduzirem sua carga tributária e impulsionarem seu crescimento. Quando bem utilizados, esses incentivos podem liberar recursos para investimentos estratégicos em inovação, expansão e melhoria de processos, aumentando a competitividade das empresas no mercado nacional e internacional.
No entanto, para aproveitar plenamente essas oportunidades, é fundamental que os empreendedores e gestores compreendam os diferentes programas disponíveis, avaliem cuidadosamente sua elegibilidade, preparem adequadamente a documentação necessária e estejam atentos às mudanças trazidas pela Reforma Tributária.
A complexidade do sistema tributário brasileiro e as constantes alterações na legislação tornam recomendável o apoio de especialistas, seja por meio de consultoria externa ou pelo desenvolvimento de competências internas na empresa. O investimento em conhecimento tributário pode gerar retornos significativos na forma de economia fiscal.
Por fim, é importante lembrar que os benefícios fiscais devem ser parte de uma estratégia mais ampla de gestão tributária e financeira, alinhada aos objetivos de longo prazo da empresa. Ao integrar o planejamento tributário ao planejamento estratégico, as PMEs podem não apenas reduzir custos, mas também criar vantagens competitivas sustentáveis.
Em um cenário de transformação do sistema tributário brasileiro, as empresas que se anteciparem às mudanças e se adaptarem com agilidade estarão melhor posicionadas para prosperar nos próximos anos, aproveitando tanto os benefícios atuais quanto as novas oportunidades que surgirão com a implementação completa da Reforma Tributária.
Sobre o Autor
William Galeskas é especialista em contabilidade e consultoria tributária com formação pela Universidade Nove de Julho. Com mais de 18 anos de experiência em planejamento fiscal, atua como Diretor na MG Consultoria Empresarial e da Hector Contador Digital desde 2018, onde lidera projetos de consultoria fiscal e minimização de carga tributária para empresas de diversos portes. Anteriormente, trabalhou por 9 anos na BLM Consultoria e Assessoria Contábeis como consultor tributário.
É especialista na implementação de SPED Fiscal e EFD (Contribuições), recuperação de créditos tributários e planejamento estratégico empresarial. Sua expertise inclui sistemas SAP, conformidade com IFRS e US GAAP, além de domínio das normas Sarbanes-Oxley. Sua abordagem combina análise financeira detalhada com estratégias práticas para otimização tributária, auxiliando empresas a maximizarem resultados dentro do contexto regulatório brasileiro. William é Editor-Chefe do Blog da Renda Maior.
FAQ Expandido: Benefícios Fiscais para PMEs
1. Quais são os principais benefícios fiscais disponíveis para PMEs no Brasil?
Os principais benefícios fiscais para PMEs no Brasil incluem incentivos regionais como os da SUDENE, SUDAM e Zona Franca de Manaus, que oferecem reduções de IRPJ e outros tributos federais. Há também incentivos setoriais como a Lei do Bem para inovação, o Programa Perse para o setor de eventos, e diversos programas estaduais e municipais de redução de ICMS e ISS. Além disso, o Simples Nacional, embora seja um regime tributário e não um incentivo específico, proporciona significativa redução da carga tributária para micro e pequenas empresas.
2. Como uma PME pode saber se é elegível para benefícios fiscais regionais?
Para determinar a elegibilidade a benefícios fiscais regionais, a PME deve verificar se está localizada em uma área contemplada pelos programas (como as regiões da SUDENE, SUDAM ou Zona Franca de Manaus), se atua em um setor econômico prioritário para esses programas, e se atende aos requisitos específicos de cada incentivo, como geração de empregos locais ou utilização de insumos regionais. É recomendável consultar os sites oficiais das superintendências regionais ou buscar orientação de um contador especializado para uma avaliação precisa.
3. Quais documentos são necessários para solicitar benefícios fiscais?
A documentação necessária varia conforme o programa, mas geralmente inclui documentos societários (contrato social, CNPJ, alvarás), documentos financeiros (balanços, demonstrações de resultados, certidões de regularidade fiscal), e documentos técnicos específicos do projeto (plano de negócios, cronograma de implementação, estudo de viabilidade econômica). Alguns programas exigem também licenças ambientais, comprovação de capacidade técnica e financeira, e documentos que demonstrem o impacto socioeconômico do projeto.
4. Como a Reforma Tributária afetará os benefícios fiscais existentes?
A Reforma Tributária (EC 132/2023) prevê a substituição gradual de cinco tributos atuais por dois novos impostos (IBS e CBS), com um período de transição até 2033. Durante esse período, os benefícios fiscais regionais e setoriais serão gradualmente reduzidos, seguindo um cronograma estabelecido na legislação. Para compensar, serão criados fundos de desenvolvimento regional e mecanismos de compensação. PMEs que atualmente usufruem desses incentivos precisarão adaptar suas estratégias tributárias ao novo cenário, possivelmente buscando acesso aos recursos dos novos fundos.
5. Quais são os riscos de utilizar incorretamente benefícios fiscais?
Os principais riscos incluem autuações fiscais com multas e juros, que podem chegar a valores significativos; a obrigação de restituir os valores dos benefícios utilizados indevidamente, com correção monetária; a perda do direito ao incentivo fiscal; e possíveis restrições para acessar outros programas governamentais no futuro. Para mitigar esses riscos, é fundamental contar com assessoria especializada, manter rigoroso controle documental e realizar auditorias internas periódicas para garantir o cumprimento de todas as condições estabelecidas.
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